'Cartas na mesa

"Deixe que cada um exercite a arte que conhece". (Aristóteles).

Em uma dessas noites fiquei como Apolo jogando vídeo-game até tarde, quando estávamos nos preparando para dormir vi que passava um filme que me deixou muito interessado ‘Três formas de amar’. 

O filme traz uma história bem envolvente, uma jovem é encaminhada ao alojamento masculino da universidade, onde irá dividir o quarto com dois rapazes e juntos formarão um inesperado triângulo amoroso, assim começa a história de Eddy, Alex e Stuart. História romântica e sensual envolvendo três estudantes que se tornam mais do que simples colegas de quarto e bons amigos. A aspirante a atriz Alex traz uma mudança na vida sexual de Stuart e Eddy. Rapidamente Stuart tenta seduzi-la, mas descobre que ela está realmente interessada em seu amigo, Eddy. Mas Eddy tem desejos que até ele mesmo desconhece, o que vira uma verdadeira confusão, e vivem uma história de amor bissexual onde três não são demais.

Se desejar pode baixar o filme Aqui. 

  A história do Personagem Eddy, me chamou muita atenção. Ele entra em conflito consigo mesmo tentando entender seus desejos. Ele não consegue ter qualquer interesse por Alex, uma garota linda, mais sente algo totalmente diferente por seu amigo Stuart , ele o deseja. Ele começa a descobrir um interesse sexual  e isso o deixa bastante indeciso, tentando esconder seus desejos e isso eu achei bem parecido comigo. Quando o filme acabou, lembro que comentei:

 

– Só o que faltou foi um beijo dos dois caras. – Nem sei por que eu falei isso. Meu irmão como machista que é logo me repreendeu com suas piadinhas sem graças.

– Qual é Poncho, querendo ver beijo de macho? – Claro que fiquei constrangido, mais estava disposto a jogar as cartas na mesa.

– Á Apolo vai bem dizer que tu não tem curiosidade de experimentar, saber como é, o que se sente?. Eu tenho e teria coragem de beijar um cara. – Nem vou dizer que seus comentários machistas pioraram.

– Tu é gay é? – Para mim a maneira que ele falou foi por brincadeira e nem levei a sério.

– Eu acho que não é um beijo que vai definir sua sexualidade, mais sim seu interesse. Eu disse que tenho coragem e não vontade, são duas coisas bem distintas. – Apesar de ter mais vontade do que coragem.

– É e se tu provar e gostar? – Ele me perguntou.

– É né isso só vou saber no dia que eu beijar alguém!

– Cara, tu é maluco. Tu tem a mina que tu quiser e fica querendo beijar macho? – Nem respondi, apenas ri. – Mais tu é afim de algum cara? – Ele continuou.

– Claro que não né boco?! Eu estou falando em beijar e não sentir interesse em um cara. Eu, sou uma pessoa totalmente mente aberta, para alguns assuntos. Eu quero viver minha vida intensamente e experimentar tudo o que ela oferece.

– A sei não Poncho, eu acho isso tudo estranho. – Aproveitei a oportunidade e dei minhas alfinetadas.

– É se lembra que na festa da Paula, que tu saiu beijando todo mundo, até o Joe, o Wando. Então tu é gay!

– Claro que não, ta ficando maluco? Isso foi apenas por brincadeira e foi só selinho.

– Esta vendo?! Não foi esse beijo que te fez ser gay ou não.

– É mais a maneira que tu fala, é estranha.

– Nada a ver. Mais tu não concorda comigo, que não é um beijo que vai definir a sexualidade de alguém?

– É pode até ser mais fica estranho uma cara ficar com outro cara.  

Ver o grande preconceito que meu irmão é, não era novidade para mim, mais só falar o que realmente sentia para ele foi algo surpreendente para mim, não sabia que teria essa coragem toda. Essa conversa foi algo que marcou minha vida (o diálogo não aconteceu nessa mesma ordem, mais é o que lembro) pela primeira vez fui real e apartir desse dia, minha vida teve um outro rumo. Eu vivo querendo descobrir a verdadeiras faces das pessoas e estava na hora de tirar a minha mascara. Meus hormônios estão a flor da pele, sinto falta de algo, algo que nunca tive mais quero ter. A carne é mais forte que todo o resto, pelo menos em mim. Minhas vontades são mais intensas que antes, de repente eu sinto a necessidade de ter um corpo junto do meu e nada mais importa até que meu orgasmo seja alcançado!

Desci definitivamente me aceitar e não me preocupar tanto em dar bandeira ou não. Mesmo que seja difícil, saber que as pessoas podem estar me julgando por minha sexualidade, mais eu só queria que elas entendessem que eu não escolhi nascer assim. Então não é uma opção sexual como falam, é só meu jeito natural de ser e isso elas não entendem ... 

Estou disposto a me soltar mais e ser fiel aos meus instintos.